17.9.07

Work in Progress: O Braço

De volta à activa lide dramática. Agrada-me poder anunciar que a pausa que me foi imposta pela luxação muscular contraída no exercício da Arte, embora penosa, teve o condão de curar completamente (espera-se que sem sequelas) a minha mazela.

Não se pode, no entanto, afirmar que esta última semana não foi produtiva. É certo que não podia pisar o palco e vestir personagens; mas podia escrever, podia criar!


Comecei então a trabalhar uma peça inspirada directamente pela minha lesão. O título provisório (quiçá definitivo) é O Braço.

Trata-se de uma peça que, embora imbuída de negrume e sofrimento, é de amor (e quantas vezes não se compaginarão o sofrimento e o amor, na nossa vida?). Trata-se de um tributo, de uma homenagem, aos deficientes físicos. Com efeito, a única personagem só tem um braço, mas nem por isso deixa de abraçar (no pun intended, como dizem os anglo-saxónicos) a vida no seu todo, experimentando os seus deleites e os seus amargores.
Dedico-a a todos aqueles que, pelos imponderáveis desígnios do implacável destino, se vêem privados de um dos seus membros (por acidente, amputação ou malformações genéticas).

Esta é uma peça pensada para um só actor. Tem a particularidade de não se servir, em momento algum, de um dos braços (o esquerdo, embora também seja possível interpretá-la “ao contrário”, ou seja, usando o braço esquerdo em vez do direito). Tendo em vista esta especificidade, esta peça é melhor interpretada por um actor que não tenha um do braço (essa classe tantas vezes discriminada). Se o actor tiver os dois braços (como é o meu caso), é imperativo que um deles seja manietado com fita-cola larga castanha.

Filmei alguns dos ensaios (muito rudimentares) que levei a cabo na minha residência. Se conseguir fazer uma edição digna dos mesmos, publico-os aqui.

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