20.9.07

Elefthería & Kairos, um happening de Tiago Rebelo Pires

Elefthería & Kairos é um happening que surge não só como crítica social mas também como marca do confronto ideológico entre a escola de Perkofiev e a escola de Mestre De Ville.
Quando em 86 tive a oportunidade de conhecer e estudar com o grande e sábio Mestre Franco-Libanês Zshorg Urbizt De Ville, não aprendi apenas o que queria dizer "parábola metafisica antagónica ao espaço" como também pude apreender toda a concepção De Villeana acerca do Tempo como Kairos na perspectiva de um Kairos Livre (e por isso falamos em Elefthería).
Assim, e após a notícia da possível libertação de criminosos graças à legislação actual que rege o sistema penal Português e que me fez pensar no fim da liberdade, o tempo, feito kairos, impeliu a mão criadora a realizar obra.
Fazendo minhas as palavras do Mestre De Ville,"um happening não se explica. Acontece." Ei-lo tal como veio ao mundo.


18.9.07

O Braço - o ensaio

Conforme prometido no post anterior, aqui ficam algumas filmagens dos ensaios da peça O Braço, da minha autoria. Trata-se de uma versão ainda muito rudimentar e embrionária desta peça. Em todo o caso, considerei que seria interessante presentear o fiel público com esta amostra das entranhas do processo criativo que leva à construção acabada de uma peça de teatro.

Aqui está ele:



O tempo será ainda, seguramente, agente e observador das suas metamorfoses.

17.9.07

Work in Progress: O Braço

De volta à activa lide dramática. Agrada-me poder anunciar que a pausa que me foi imposta pela luxação muscular contraída no exercício da Arte, embora penosa, teve o condão de curar completamente (espera-se que sem sequelas) a minha mazela.

Não se pode, no entanto, afirmar que esta última semana não foi produtiva. É certo que não podia pisar o palco e vestir personagens; mas podia escrever, podia criar!


Comecei então a trabalhar uma peça inspirada directamente pela minha lesão. O título provisório (quiçá definitivo) é O Braço.

Trata-se de uma peça que, embora imbuída de negrume e sofrimento, é de amor (e quantas vezes não se compaginarão o sofrimento e o amor, na nossa vida?). Trata-se de um tributo, de uma homenagem, aos deficientes físicos. Com efeito, a única personagem só tem um braço, mas nem por isso deixa de abraçar (no pun intended, como dizem os anglo-saxónicos) a vida no seu todo, experimentando os seus deleites e os seus amargores.
Dedico-a a todos aqueles que, pelos imponderáveis desígnios do implacável destino, se vêem privados de um dos seus membros (por acidente, amputação ou malformações genéticas).

Esta é uma peça pensada para um só actor. Tem a particularidade de não se servir, em momento algum, de um dos braços (o esquerdo, embora também seja possível interpretá-la “ao contrário”, ou seja, usando o braço esquerdo em vez do direito). Tendo em vista esta especificidade, esta peça é melhor interpretada por um actor que não tenha um do braço (essa classe tantas vezes discriminada). Se o actor tiver os dois braços (como é o meu caso), é imperativo que um deles seja manietado com fita-cola larga castanha.

Filmei alguns dos ensaios (muito rudimentares) que levei a cabo na minha residência. Se conseguir fazer uma edição digna dos mesmos, publico-os aqui.

10.9.07

A Sopa de Gunther IV – o fim

No post anterior, em que narrei o infeliz acidente que decorreu durante o primeiro ensaio da peça A Sopa de Gunther, de Gerhard Reichsgau, o nosso leitor thespian139 deixou um comentário onde referia

Este site

Ora, de acordo com o nosso leitor, e de acordo com o site referido, parece que Gerhard Reichsgau era nazi, e que a peça A Sopa de Gunther, uma alegoria para o III.º Reich.

Posto isto, será importante dizer algumas palavras em nome desta Companhia:

1) A Companhia Dramática Zeitgeist e os seus membros recusam o epíteto de fascistas. Nunca foi nossa intenção associarmo-nos ao regime Nazi;

2) A Companhia Dramática Zeitgeist, como os seus membros, não segue qualquer ideologia xenófoba, discriminatória, racista ou, no caso particular, anti-semita;

3) A Companhia Dramática Zeitgeist, embora não negue o carácter socialmente actuante das suas representações, não compreende como seu vector estruturante qualquer orientação politica ou partidária.

A representação levada a cabo por esta Companhia não seria orientada no sentido de construir uma alegoria ao projecto nacional-socialista de Adolf Hitler, mas sim, e de uma forma mais abrangente, de elogiar e valorizar o espírito empreendedor do Homem (qualquer homem). Queremos assegurar os nossos espectadores (e a comunidade que, no seu todo, faz o Teatro em Portugal, quer seja em cima do palco ou nas plateias), que esta associação da Companhia Dramática Zeitgeist a ideais fascistas não foi mais do que acidental.
Embora seja nossa convicção que é possível levar a palco esta peça, pondo de parte toda e qualquer conotação Nazi, a Companhia Dramática Zeitgeist optou, após aturada reflexão, por cancelar todas apresentações programadas de A Sopa de Gunther.

9.9.07

A Sopa de Gunther III - O ensaio

O primeiro ensaio, ontem, acabou por gerar, no seio da Companhia Dramática Zeitgeist, sentimentos contraditórios. Por um lado, viveram-se momentos de grande entusiasmo, à medida em que o texto de Gerhard Reichsgau ia ganhando vida, pelo trabalho dos actores. Por outro, o ensaio ficou inevitavelmente marcado pela queda aparatosa deste que vos escreve. São os riscos do teatro. E quando se encara uma peça tão fisicamente exigente como A Sopa de Gunther com a dedicação extrema que caracteriza esta Companhia, os acidentes podem acontecer.

O balanço final saldou-se por uma luxação muscular que obriga à interrupção dos ensaios durante aproximadamente uma semana. Contamos regressar ao trabalho então, com a vontade de sempre.

8.9.07

A Sopa de Gunther II

Antes da partida para o início dos ensaios, ainda há tempo para mais alguns elogios a Gerhard Reichsgau e à sua A Sopa de Gunther.

Trata-se de uma peça que se afirma como um poderosíssimo exercício sobre a determinação de um homem em concretizar as suas aspirações, construindo um pathos, dir-se-ia sufocante, em que a dedicação do personagem principal atinge proporções quase obsessivas. As leituras desta obra dividem-se, a cada momento, entre a literalidade da palpitante narrativa, e uma dimensão alegórica muitíssimo mais abrangente.
Embora se notem, nesta peça, alguns elementos reminiscentes do célebre mito faustiano, que ajudou a moldar tanto da literatura germânica, a verdade é que não deixa de ser surpreendente a inventividade que Gerhard Reichsgau conseguiu injectar no seu trabalho.

Na imagem abaixo, está um excerto da peça.


7.9.07

A Sopa de Gunther

A pensar na época de rentrée que agora se inicia, a Companhia Dramática Zeitgeist arranca com a preparação do seu próximo espectáculo:

A Sopa de Gunther, de Gerhard Reichsgau

É grande o entusiasmo entre os actores. Trata-se, quanto a nós, da mais interessante obra deste grande dramaturgo teutónico, tão injustamente ignorado.

Os ensaios começam já amanhã (sábado).

5.9.07

Antigos colaboradores

Irina Gouveia

2004-2005

Fundou, conjuntamente com José Varela (com quem partilha o gosto pela performance e pelos domínios mais improvisacionais do teatro), a Companhia Dramática Zeitgeist.
A primeira peça original levada a palco por esta Companhia, Nacos Mecanizados, conta com excertos de páginas redigidas por esta artista, através do método de escrita automática.

Mudou-se, em 2005, para Copenhaga, o que obrigou à sua precoce saída da Companhia Dramática Zeitgeist. Na capital dinamarquesa, onde ainda reside, continuou o seu percurso artístico, obtendo algum reconhecimento nos meios mais underground das artes dramáticas daquele país.
Em paralelo com a sua faceta artística, Irina Gouveia é também uma fervorosa activista pelos direitos dos gays e lésbicas.

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Pedro Corte-Real

2004-2005

Com formação nas áreas mais clássicas do teatro, Pedro Corte-Real veio emprestar à Companhia Dramática Zeitgeist algum formalismo.
Partiu de Pedro Corte-Real o projecto de trabalhar uma das obras máximas da dramaturgia nacional: Frei Luís de Sousa, de Almeida Garrett. Projecto esse que culminou no apresentação única da farsa desconstrutivista Romeiro Matreiro.

Abandonou a Companhia em 2005, por divergências artísticas.

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Miguel Alcáçovas

2005-2007

Juntou-se à Companhia Dramática Zeitgeist trazendo consigo um percurso feito pelo teatro de rua, as artes circenses e a dança contemporânea.

Em 2007, e após uma alegada epifania cristã, retirou-se da vida artística para abraçar a sua recém-descoberta vocação religiosa. Esta experiência mística de Miguel Alcáçovas serve de inspiração a uma peça teatral, cujo guião está actualmente a ser desenvolvido por esta Companhia.

4.9.07

Os artífices

José Varela

Nasceu a 27 de Maio de 1979.

Actor. Fundador da Companhia Dramática Zeitgeist, em 2004.

Desde cedo mostrou ser detentor de um profundo interesse pelo teatro e pelas artes performativas.

Iniciou-se no teatro amador quando frequentava o ensino secundário. Desde então, já fez parte de diversos grupos de teatro, afirmando-se também como artista solo na área da performance. Neste espectro, o seu trabalho mais célebre será a performance Celery-fagus, levada a cabo em 2004 no Campo das Cebolas (mesmo em frente à Casa dos Bicos), e alguns meses mais tarde na Estrada Nacional 247, tendo recebido ecos positivos em algumas publicações especializadas.

Nos tempos recentes, e em conjugação com o seu trabalho de actor na Companhia Dramática Zeitgeist, José Varela tem vindo a apurar a sua veia de encenador e dramaturgo pelos domínios mais avant-garde do teatro contemporâneo.

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Tiago Rebelo Pires

Nasceu a 19 de Agosto de 1982.

Happeneur. Membro convidado da Companhia Dramática Zeitgeist, desde 2006.

Tiago Pires nasceu durante o Verão Quente de 82 e talvez tenha sido por isso que o filho pródigo de Jorge de Andrade Pires cedo tenha deixado os estudos para trás, seguindo os passos de seu pai, que por sua vez havia já seguido os passos de seu avô, o famoso Jacinto de Andrade Pires. Completou com algum sucesso a 4ª classe mas durante o 5º ano recebeu o chamamento da arte e resolveu deixar de vez os estudos para se dedicar inteiramente aos Happenings, passando a denominar-se como Happeneur, um “fazedor de happenings” segundo o próprio.
Tendo realizado diversas performances nas quais procurava recuperar o espírito (Geist) do Portugal Antigo, recebeu inúmeros pedidos para ir para o estrangeiro por parte dos seus colegas Portugueses residentes em Portugal.
Recusando-se a abandonar a sua pátria Tiago recebeu em 2006 o convite para integrar o projecto fundado por José Varela, seu mestre espiritual desde sempre. Sendo acima de tudo um Happeneur Tiago Rebelo Pires exibe a sua arte das mais variadíssimas formas, sendo a mais conhecida o As-It-Happens, actuando sobretudo em grandes superfícies e alguns hiper-mercados LIDL.

3.9.07

O início.

Saudações, estimado visitante.

Acaba de encontrar o retiro virtual da Companhia Dramática Zeitgeist.

Neste sítio, poderá tomar contacto directo com o trabalho e os actores desta ensemble artística. Sem mediações de índole comercial, o teatro da Companhia Dramática Zeitgeist fluirá directamente dos corpos dos artistas para a sua alma, caríssimo navegante dos enredos digitais.

Esta página da rede global é, por enquanto, uma peça inacabada. Ela irá sendo cuidadosamente burilada, com a gentileza e a dedicação de um dramaturgo entregue a uma peça dadaísta que se inscreva no pós-modernismo polaco. Não tardará a ganhar forma, a ficar enriquecida de conteúdos (e de magia). Mas isto não significará um fixismo! Como um organismo orgânico, pretende-se que este teatro cibernético seja sempre palco de inventividade, improviso, inovação e renovação.

Boas representações!